Fabiana e Márcio são advogados como o
pai.
Frallonardo dedicou 15 anos de sua
vida ao serviço público. Até que resolveu
se aposentar, em 2008. Foi então que
ele passou integrar o corpo de relatores
de Benefícios da CAASP, atualmente
composto por 41 advogados voluntários.
“Não penso em largar a Caixa de Assistência
tão cedo”, frisa.
O advogado comenta como são as
reuniões da 2º Câmara de Benefícios, a
qual integra ao lado de outros sete colegas
e do diretor da entidade Adib Kassouf Sad,
que preside a Câmara. “Geralmente, o
voto do relator é acolhido pelo colegiado.
Mas, às vezes, há discordâncias e é aqui
que reside a importância de um diretor
da CAASP presente à mesa. Quando isso
acontece ele consegue intermediar o
debate”, diz.
“Esses debates são extremamente
saudáveis, pois estamos trabalhando
com o dinheiro do advogado, aqueles
20% da anuidade paga à OAB-SP, e
que os colegas contribuem com muita
dificuldade. E, depois, estamos falando
do impacto na vida de uma pessoa. Não
podemos desamparar um colega, como
ficou desamparado por tempos aquele
advogado que deu origem à CAASP”,
salienta.
Frallonardo refere-se ao advogado
João da Silva Neves Manta, que,
involuntariamente, motivou o surgimento
da Caixa de Assistência dos Advogados de
São Paulo.
No dia 7 de dezembro de 1935, doente
e sem trabalho, ele foi encontrado deitado
sobre jornais numa casa sem luz elétrica
no bairro da Vila Mariana, em São Paulo.
O médico da Assistência Pública, que o
socorreu e o identificou como advogado,
entrou em contato com a OAB-SP antes
de removê-lo para a Santa Casa de
Misericórdia. A Secional preocupou-se
em assistir o advogado, cuidou de sua
REVISTA DA CAASP 51 PERFIL
transferência para a Casa de Saúde Santa
Rita, onde foi internado em um quarto
modesto e tratado de congestão pulmonar
agravada pela idade avançada. O episódio
comoveu os dirigentes da Ordem paulista,
que criaram então uma comissão que
tratasse de assistência e pagamento de
despesas referentes a advogados carentes
– era o embrião da CAASP.
Nos últimos quatro meses, Frallonardo
esteve afastado de suas atividades na
CAASP. Ele passou por uma cirurgia de
desobstrução da carótida, uma artéria que
fica no pescoço e é fundamental para levar
o sangue para o cérebro. Sua obstrução é
a terceira maior causa de morte entre os
adultos, além de ser fator de risco para
AVC (Acidente Vascular Cerebral).
“Antes da cirurgia, tive um pequeno
AVC. Eu estava assistindo televisão e a
visão apagou. Fui direto para o hospital,
fiquei internado e depois fiz a cirurgia
da carótida”, recorda. O AVC, apesar de
leve, deixou sequelas. Frallonardo perdeu
a visão periférica do olho direito, o que
o forçou a parar de dirigir, uma de suas
paixões. A leitura também foi prejudicada.
Hoje ele lê mais devagar do que antes.
Também foi obrigado a iniciar sessões
de fonoaudiologia para a voz - durante a
cirurgia houve uma lesão de nas cordas
vocais que lhe causou rouquidão.
Apesar disso, a saúde de Frallonardo,
de 80 anos, vai bem, reflexo de uma vida
desde sempre ativa. Ele jogou tênis até
1993, quando fraturou o ombro. Trocou
as quadras pela caminhada na rua que
pratica até hoje, ao lado da esposa Heliete,
sempre à beira-mar (eles moram em São
Vicente). Alia à prática esportiva uma
alimentação rica em frutas.
É assim que ele se mantém saudável,
autônomo e independente para, ainda
neste mês de fevereiro, retomar suas
atividades na CAASP. “Estou ansioso para
voltar a trabalhar”, confessa. |