Lula da Silva, por serem ainda os dois polos de referência recentes. Quais os pontos positivos
e negativos de cada um deles no campo da política internacional?
Esta é uma questão sempre complexa, principalmente porque eu tenho relação com o
assunto e a perspectiva de ter trabalhado com o presidente Fernando Henrique, e sou uma
pessoa muito ligada a ele.
O presidente Fernando Henrique se preocupou em assegurar uma inserção internacional
do Brasil nos moldes daquilo que existia como possibilidade no final do Século XX e início do
Século XXI. Eu acho que ele elevou o patamar de presença do Brasil no plano internacional,
seja pela atuação em instâncias internacionais, seja pelo prestígio da visão dele do mundo e
das coisas.
Eu acho que o governo Lula, em matéria de política externa, caracterizou-se num primeiro
momento por querer considerar o que foi feito pelo governo Fernando Henrique uma
herança maldita. Penso eu que essa colocação obedecia a três linhas. A primeira, na medida
em que a política econômica e financeira era uma continuidade em novos moldes da política
econômica e financeira conduzida pelo governo Fernando Henrique, era necessária uma
diferenciação para agradar às bases de apoio do PT. Então, qualificá-la como uma herança
REVISTA DA CAASP 17 ENTREVISTA | CELSO LAFER