Para muitos juristas, ativismo judicial caracteriza-se por preceitos morais sobrepondo-se
à lei.
Eu acho que o Direito sempre é uma aspiração de justiça e, como aspiração de justiça, uma
aspiração ética. Mas ele tem parâmetros dogmáticos que devem ser seguidos, porque senão
você fica naquilo que os clássicos chamavam de “ditadura dos juízes”.
O senhor mencionou o presidente americano Donald Trump. Como enxerga essa figura e
sua ascensão na política?
Do ponto de vista de quem olha os Estados Unidos e pensa um pouco em termos de política
comparada, sempre houve um esforço dentro do sistema político norte-americano de atender
aquilo que um historiador importante, (Arthur) Schlesinger, chamava de “centro vital”.
Dependendo das circunstâncias, esse centro vital se deslocava mais para a esquerda ou
para algo mais conservador. (Franklin Delano) Roosevelt era uma inflexão mais à esquerda
e mais inclusiva; (Ronald) Reagan era uma coisa mais conservadora, mas não era, digamos,
excludente. Era uma tentativa de fazer com que a cidadania norte-americana se sentisse
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CELSO LAFER | ENTREVISTA