estava inviabilizando que outras medidas na área da saúde e na área da assistência social
se aproximassem. Os traficantes não estavam deixando as assistentes sociais fazerem a
abordagem aos dependentes químicos.
QUANDO
APLAUDIMOS
HUMILHAÇÕES
PÚBLICAS
DE PESSOAS,
RETROCEDEMOS
NO PROCESSO
CIVILIZATÓRIO
REVISTA DA CAASP 9
Então, não havia a intenção de fazer os
dependentes deixarem o local?
Não. Tanto não havia que eles saíram, foram
para a Praça Princesa Isabel e hoje eles estão
de novo próximos à rua Helvétia, mas as
abordagens policiais continuam porque é
dever do Estado prender os traficantes e, ao
lado disso, hoje nós temos a possibilidade
de fazer a abordagem dos dependentes
químicos. Aquilo foi uma ação estruturada
que não envolvia só segurança pública, mas
também assistência social, medidas na área
da saúde, na área da limpeza urbana - e tudo
isso continua acontecendo.
Sem dúvida alguma, o que aparece nas
fotografias é sempre a ação policial. Pouco
se fala do que está sendo feito lá hoje. Nós
criamos dois equipamentos importantes que
se chamam “Atende”, que são alojamentos
para dependentes químicos, onde eles têm
assistência médica e psicológica, assistência
social, eles podem dormir, eles têm três
refeições por dia, podem tomar banho
quente, recebem kit de higiene. Tudo isso está acontecendo.
Os dependentes procuram o “Atende” espontaneamente?
Sim, espontaneamente. Onde está isso? Um está perto da Sala São Paulo, outro na rua
Helvétia. E vamos inaugurar um terceiro.
Há espaço para todos?
É adequado para receber toda a população que se concentra lá hoje. Além disso nós temos
os CTAs, os Centros Transitórios de Atendimento, que são específicos para moradores de rua.
Se nós tivéssemos hoje que acolher toda aquela população, nós teríamos vagas para atender
nos equipamentos médicos e psicológicos, que nós chamamos de Centros de Atendimento
Psicossocial de Álcool de Drogas, os Caps-AD; teríamos como acolher para dormir e se
alimentar, e teríamos vagas para internação também.
Por que é tão difícil uma harmonização entre as ações sociais e as ações policiais?
Porque ao lado do dependente químico está o traficante. Se nós deixarmos de prender o
traficante, nós vamos permitir que continue a existir aquele verdadeiro shopping center de
drogas a céu aberto. As imagens capturadas um pouco antes da intervenção mostravam
bancadas, tendas, onde os traficantes comercializavam crack, cocaína e outras drogas sintéticas.
ENTREVISTA | ELOÍSA ARRUDA