Por exemplo, mediadores adeptos da chamada escola de Harvard
– inaugurada pelos trabalhos principalmente de Frank Sander*; de Roger
Fisher, William Ury e Bruce Patton** e de Lawrence Susskind*** – propõem
o enfoque em interesses (ou seja, as demandas que subjazem o conflito),
em lugar de posições (ou seja, as demandas externadas); em problemas, em
vez de pessoas (deixando as negociações menos emocionais); e em critérios
objetivos que possam gerar opções de ganhos mútuos (e não de perdas ou
ganhos unilaterais).
Outra escola, chamada transformativa, por sua vez, compreende o
conflito como uma crise de comunicação e de relacionamento entre as
partes, de modo que foca os seus esforços na revalorização das pessoas
e o reconhecimento mútuo entre elas. Nesse caso, a mediação tende a se
tornar meio de transformação das partes, bem como da forma como se
comunicam e se relacionam. Para esta corrente, o acordo não é o objetivo
principal a ser alcançado, sendo considerado meramente uma possibilidade
decorrente da mediação****.
Por fim, outro método muito conhecido, chamado circular narrativo,
tem como objetivo induzir as partes à análise da controvérsia, com a
observância de diferentes opiniões sobre uma mesma questão. Nesse
método, a partir de perguntas, busca-se mudar a visão das partes constantes
de suas narrativas iniciais. O mediador induz os envolvidos a refletirem
sobre o conflito, alterando, assim, seu entendimento sobre ele. No método
circular narrativo, são utilizadas duas espécies de perguntas: (i) as circulares,
pelas quais a parte fala de si, quando pensa falar do outro, como quando
são levadas a refletir sobre o porquê de determinada ação da outra parte;
e, (ii) as reflexivas, pelas quais as partes são levadas a se colocarem no lugar
da outra. Em última análise, por meio deste método, busca-se quebrar os
paradigmas que prendem as partes no conflito, desestruturar os estigmas,
de forma a recompor a narrativa de uma forma mais branda, clara, onde
cada parte possa reconhecer a outra*****.
* SANDER. Frank. E. A. Varieties of Disputes Processing, Federal Rules Decisions, 1976. Penguin Books,
1983.
** FISHER, Roger; URY, William; PATTON, Bruce. Getting to Yes: Negotiating Agreements Without Giving In.
Penguin Books, 1983.
*** SUSSKIND, Lawrence; CRUIKSHANK, Jeffrey. Breaking the Impass: Consensual Approaches to Resolving
Public Disputes. Basic Books, 1987.
**** BUSCH, R. A. Baruh; FOLGER, J. P. The Promise of Mediation: Resonding to Conflict Through Empoerment
and Recognition. São Francisco, 1994.
*****COBB, Sara. Empowerment and Mediation: A Narrative Perspective. Negotiation Journal 9:3, July 1993,
pp. 245-255.
REVISTA DA CAASP 87
OPINIÃO