identifica as necessidades e os reais interesses subjacentes ao
conflito e, assim, estabelece com clareza as questões a serem
debatidas;
viii. espelhamento, reenquadramento ou recontextualização
(paráfrase) e enfoque prospectivo – técnica pela qual o mediador
repete o que foi falado e estimula as partes a perceberem
determinados fatos por outra perspectiva. Estimula as partes a
considerar a questão, ou o interesse, ou o comportamento da outra
parte, ou determinada situação de outra forma, mais clara, mais
compreensível e mais positiva. Normalmente, o mediador refaz a
fala da parte, mas com outro tom de voz, filtrando os componentes
negativos do discurso e ressaltando os elementos positivos;
ix. perguntas voltadas à produção de opções – o papel do mediador
não é apresentar soluções, mas estimular que as partes as
produzam. Assim, através de perguntas, o mediador pode ajudar
as partes a pensar em uma solução conjunta;
x. audição de propostas implícitas – por vezes, as partes apresentam
propostas de soluções, sem perceber que fizeram; e,
xi. teste de realidade ou reflexão – técnica utilizada quando se
observa que a parte tem uma percepção seletiva da realidade,
decorrente de seu estado de ânimo. Consiste em estimular a
parte a refletir sobre a realidade dos fatos e dos acontecimentos,
comparando-a com sua própria versão. É uma técnica que deve
ser utilizada, prioritariamente, em sessões privadas. Também se
recomenda deixar claro à parte que se está usando essa técnica.
xii. afago – resposta positiva por parte do facilitador a um
comportamento produtivo da parte (ou de seu advogado);
xiii. silêncio – técnica pela qual o mediador suporta um momento
de silêncio, que pode gerar um desconforto positivo, ou seja, servir
para que as partes reflitam sobre o que falaram ou ponderem
melhor antes de responder alguma indagação.
A sistematização acima é, frise-se, meramente exemplificativa e nem
todas as técnicas são, a bem da verdade, utilizadas pelos mediadores. Na
realidade, partindo de bases comuns, diversos modelos ou escoladas de
mediação foram criados e cada mediador pode seguir uma linha específica,
que varia segundo sua própria formação ou até segundo o perfil que
considere mais adequado a cada caso.
86 REVISTA DA CAASP OPINIÃO