Não temas minha donzela
Nossa sorte nessa guerra
Eles são muitos
Mas não podem voar...
A partir de uma remota origem
portuguesa, no Brasil a literatura de cordel
surgiu inicialmente pela transcrição e
publicação, na forma dos folhetos como
os conhecemos ainda hoje, dos versos dos
cantadores e repentistas nordestinos, e
das contendas entre eles nas pelejas.
De impressão simples e barata, em
formato pequeno, com ilustrações no início
em xilogravura para as capas, e depois
com variações utilizando desenhos ou
fotografias, esses livretos eram vendidos
nas feiras da região.
A denominação “literatura de cordel”
vem do fato de que os folhetos portugueses,
originalmente, eram atados em pacotes
REVISTA DA CAASP 61
LITERATURA
com barbantes – cordéis. No Brasil, embora
não se tenham utilizado amarrações desse
tipo, ficou associado o nome cordel a essa
literatura.
Por seu caráter eminentemente popular,
por muito tempo o cordel foi considerado
mera expressão do folclore nordestino,
sem que houvesse a percepção merecida
do valor artístico universal dessa literatura,
nem da sabedoria e do saber poético
formal de seus principais autores.
Grandes nomes do modernismo
brasileiro, como Guimarães Rosa, Graciliano
Ramos, Carlos Drummond de Andrade e
Manoel Bandeira expressaram admiração
pelo cordel, por fim influenciando que
universidades e outras instâncias da cultura
oficial viessem a reunir acervos e preservá-los,
promovendo pesquisas sobre o cordel.
Segundo o citado ensaio do Nexo
Jornal, hoje “instituições de renome, como
a Fundação Casa Rui Barbosa, o Centro
Nacional de Folclore e Cultura Popular
poesias de cordel.