O diretor Steven Spielberg. Parafernálias tecnológicas são o seu métier.
maioria das vezes, são unânimes em suas
premonições. Mas ocorrem situações em
que um deles diverge dos outros dois, em
geral a menina, que por ser a mais dotada,
não prevê a ocorrência do crime que os
outros dois anteveem. Este voto divergente,
digamos assim, é exatamente o chamado
“Minority Report”, ou, poderíamos dizer, é
o relatório minoritário.
Pois bem, para eliminar a incerteza
do processo, em expediente cabotino,
os criadores do Departamento de Pré-
Crime, nada mais nada menos fizeram
que programar as centrais computacionais
do departamento para destruir os votos
divergentes, na busca pela infalibilidade da
predeterminação da inteligência policial.
Aqui, salvo engano, podemos observar,
mesmo que apenas por analogia, a
inversão do princípio da dúvida, eis que
a dúvida é eliminada artificialmente para
que não venha a favorecer o acusado, que
54 REVISTA DA CAASP neste caso é apenas um eventual futuro
criminoso, com 33% de chance de não
o ser, se pusermos em probabilidade e
dentro da “lógica” de tal sistema os critérios
de unanimidade dos pre-cogs.
O enredo do filme gira em torno do
principal agente policial do Departamento
Pré-Crime, o líder da equipe, vivido por Tom
Cruise, que, um belo dia, é indicado como
futuro assassino e passa a ser perseguido
por seus próprios colegas. Bem a seu estilo
de mocinho quase super-herói, ele logo
descobre que fora vítima da supressão no
sistema de um Minority Report que lhe era
favorável.
Spielberg baseou-se no conto Minority
Report, do escritor Philip K. Dick, para fazer
o filme, que é recheado de influências de
Stanley Kubrick. Em entrevista na época de
lançamento do filme, o diretor declarou,
nada modestamente, que do escritor
emprestara apenas a ideia inicial, suficiente
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