Homens: “Um advogado com roupa de cor neutra será melhor acolhido pelo cliente”.
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estava nascendo nesta época, mas ela
também brinca com uma cor para definir
a sua profissão. “A advocacia é cinza”, diz
ela, rindo. Para o pesquisador Adriano, faz
todo sentido. “O cinza é uma cor neutra e
as cores têm impacto naquele que a vê. Um
advogado com roupa de cor neutra será
melhor acolhido pelo cliente. Ele verá o
advogado ou advogada como uma pessoa
que entenderá o seu posto de vista, livre de
preconceitos, e poderá fazer uma melhor
defesa”, afirma. Para o caso de Agatha, que
prefere os tons fortes, ele exemplifica: um
tailleur cinza aceita perfeitamente uma
blusa rosa ou azul turquesa, até estampada.
As cores, no entanto, são cheias de
nuances. Se o cinza for muito claro, pode
remeter à frieza, e esta é uma característica
que as pessoas não gostam de ver no
profissional a quem entregará uma causa
importante da sua vida. O chumbo é muito
indicado, totalmente neutro. O preto é
muito usado, mas é uma cor que remete
ao rock ou à força. O azul marinho tem o
efeito calmante nas pessoas. Já o terno
risca de giz pode ser bonito, mas, lá no
fundo, gera a imagem de mafiosos dos
filmes americanos ou do dançarino de
tango argentino.
O terno branco remete à religiosidade
de matriz africana, embora a sua origem
não tenha nada de religioso. É que, no
passado, os escravos vestiam o terno
branco porque era a única cor disponível
para eles, que faziam roupas a partir do
saco de açúcar ou do trigo, doado pelos
fazendeiros. Alvejavam o tecido e faziam o
terno. Mas um terno branco, por ser pouco
discreto, é absolutamente contra indicado
ao ambiente dos tribunais.
A formalidade no Direito é um requisito
que às vezes chega a ser exagerado.
Em 2007, o juiz do Trabalho Bento Luiz
de Azambuja Moreira se recusou a dar
sequência numa audiência no Fórum
Trabalhista de Cascavel, Paraná, porque o
agricultor Joanir Pereira estava de chinelo
de dedo. Segundo ele, o calçado atentava
“contra a dignidade do Judiciário”.
Joanir, homem simples, não tinha outro
calçado e seu advogado entrou com ação
contra a União. Acabou recebendo R$ 10
mil por anos morais. A União, por meio
da Advocacia-Geral, processou o juiz e
conseguiu reaver o valor pago. Com juros,