havia alguém me olhando e, então, eu
colocava esparadrapo no olho mágico da
porta do apartamento”.
Ataques de pânico estão associados
a níveis altos de incapacidade social,
profissional e física, segundo o Manual de
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM-5), da Associação Americana
de Psiquiatria. “Os indivíduos com
transtorno de pânico podem se ausentar
com frequência do trabalho ou escola
para visitas ao médico ou ao serviço de
urgência, o que pode levar a desemprego
ou a evasão escolar”, alerta o documento.
Não demorou para que a carreira e a
situação econômica de Dina sofressem os
impactos da psicopatologia. Traiçoeiro, o
pânico faz com que as pessoas desenvolvam
também agorafobia. Inseguras e ansiosas
ante a possibilidade de sofrerem um ataque
a qualquer momento, essas pessoas evitam
locais e situações que acreditam serem
desencadeantes das crises. “Quando eu
pensava que tinha de sair de casa, para ir
ao Fórum, fazer meu trabalho, os sintomas
começavam”, lembra-se a advogada. A
clientela desapareceu, e a CAASP passou
a ter papel fundamental em sua vida. Dina
foi assistida pelo setor de Benefícios da
entidade por dois anos (2014-2016), teve
concedido auxílio mensal em dinheiro,
cartão-alimentação e odontológico. Hoje
está curada.
O diagnóstico precoce ajuda a preservar
a qualidade de vida de quem sofre de
pânico. Mas nem sempre é possível, como
explica a especialista da Unifesp: “Como
os sintomas podem ser confundidos com
outros males, os pacientes acabam por
passar por várias outras especialidades,
sem saber que os sintomas físicos são
proveniente de problemas emocionais”.
Felizmente, há tratamento. Cada caso
tem suas peculiaridades, mas geralmente
REVISTA DA CAASP 35
a pessoa é tratada com sessões de
psicoterapia e medicamentos. A melhora
ocorre em três ou quatro semanas,
mas a recuperação completa leva um
ano. Raramente há cura espontânea.
SAÚDE
Arquivo Pessoal D.A.
Dina, hoje: curada.