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Revista da CAASP - Edição n° 28

Na prática das ações civis, vemos os procedimentos relacionados à oitiva de testemunhas, às investigações de campo e documentais para se constituir prova, às milionárias perícias ambientais. Há cenas de tribunal, naturalmente, e um juiz que toma partido a favor dos argumentos das grandes corporações. A trama espelha práticas comuns nos EUA entre escritórios de advocacia especializados em ações de responsabilidade civil que custeiam integralmente o processo e, ao obterem acordo favorável aos clientes, somente então são remunerados. Vemos ainda que neste métier da advocacia, para não dizer de outros, a ostentação faz parte do negócio e, para ser respeitado e bem sucedido nos acordos, é preciso escritórios luxuosos, reuniões em hotéis de luxo, carrões, iates e, pelo que mostra o filme, muita arrogância e cinismo. Jan Schlichtmann gastou cerca de 3,5 milhões de dólares nesta causa no início dos anos 1980, e, por orgulho, sentindo-se humilhado por seus adversários, recusou primeiro um acordo de 20 milhões e depois outro de 8 milhões. Faliu, profissional e pessoalmente, perdeu seus sócios, para depois recomeçar sozinho a advogar numa pequena saleta e a viver numa quitinete e a andar de ônibus em vez de em sua antiga Porsche. REVISTA DA CAASP 47 Jan Schilichtmann faliu e passou a advogar em uma pequena saleta e andar de ônibus. Mas, a despeito de sua derrota, saiu vitorioso. Apenas depois de arruinado percebeu onde errou em sua investigação, matou a xarada de como constituir a prova e... sem dispor de mínimas condições para apelar, encaminhou o caso para a EPA – Environment Protection Agency (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos). As empresas Beatrice e W. R. Grace foram então obrigadas a arcar com 70 milhões de dólares para despoluir o lugarejo denominado Woburn, nas cercanias de Boston, onde a indústria ali existente foi fechada, tudo constituindo o maior projeto deste tipo até então na Nova Inglaterra (nordeste dos Estados Unidos). O filme, que tem Robert Redford como um dos produtores, baseou-se no livro de mesmo nome (A Civil Action) de Jonathan Harr, publicado em 1995. Consta que o escritor pesquisou durante sete anos para escrever essa história, que retrata fatos verídicos. | Luiz Barros CINEMA Reprodução O diretor Steven Zaillian. WEB


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