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Revista da CAASP - Edição n° 28

é ver de perto como a criança lida consigo mesma e constrói sua personalidade”, descreve Saadeh. Na brinquedoteca, por exemplo, a orientação é deixar a criança exercitar o papel que lhe convém e pegar os brinquedos pelos quais se interessam. “O universo infantil é repleto de fantasias. Brincar com um brinquedo ou outro não significa absolutamente nada — é apenas brincar. Um menino mais apaixonado por coisas culturalmente entendidas como do universo feminino, ou uma menina mais apaixonada por coisas alusivas ao masculino, na maioria das vezes não são REVISTA DA CAASP 31 SAÚDE transgêneros. Geralmente, elas não se veem pertencendo ao sexo oposto ao biológico”, enfatiza o especialista. Aos noves anos, depois de um acompanhamento de longo prazo, os jovens são encaminhados ao endocrinologista. O intuito é constatar se a criança está prestes a entrar na puberdade. Nesse estágio, pode-se autorizar o início da mudança corporal. Num primeiro momento há o bloqueio dos hormônios biológicos - o objetivo aqui é ganhar tempo para análise aprofundada do comportamento da criança e evitar procedimentos invasivos e irreversíveis. Fechado o diagnóstico, o passo seguinte é a ingestão de hormônios do sexo oposto e, futuramente, a cirurgia de redesignação sexual, que hoje no Brasil só pode ser feita após os 21 anos. Transexual, empresária e advogada formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), pós-graduada em Educação Sexual, membro da Associação Brasileira de Transgêneros (ABRAT) e integrante da Comissão de Direitos da Diversidade Sexual da OAB-SP, Márcia Rocha, nome social de Marcos Cesar Fazzini da Rocha, ficou conhecida por ser a primeira advogada a receber da Secional Paulista da Ordem dos Advogados do Brasil a autorização para ter sua identidade de gênero reconhecida em seu instrumento de trabalho, a Carteira da OAB. Apesar de sempre se perceber como mulher, a advogada Márcia Rocha, hoje com 52 anos, assumiu-se apenas aos 45. “Desde os quatro anos eu me identificava Alexandre Saadeh: “é preciso ver de perto como a criança constrói sua personalidade”. A PRIMEIRA ADVOGADA TRANSEXUAL COM NOME SOCIAL Mário Rodrigues


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