Page 16

Revista da CAASP - Edição n° 28

Eu acho que nós melhoraremos muito quando assumirmos a responsabilidade pelo que acontece conosco, quando tomarmos as rédeas para nós e entendermos que o Brasil somos nós, quando notarmos que a postura de denuncismo acomodado é uma postura que parte de uma premissa de terceirização de decisões que não nos convém. Eu acho que quanto mais nos dermos conta de que a nossa participação é relevante, mais chance teremos de construir uma outra sociedade onde queremos viver. Você é formado em Direito e Jornalismo, e é professor em escola de Jornalismo. Você acha que os jornalistas estão tratando as pautas jurídicas com propriedade? Cabe ao jornalista, ante o tipo de cobertura que faz, buscar cada vez mais um trabalho preciso, e não faltarão profissionais para auxiliá-lo. Lembrando sempre que a tarefa não é fácil. O jargão jurídico cria fronteiras, e para tornar aquilo acessível a todos é preciso recorrer a estratégias que nem sempre são vistas pelo campo jurídico como aceitáveis. Eu me coloco no lugar do jornalista que tem de se fazer entender por qualquer um, e que tem como conteúdo informativo temas jurídicos. Isso não é simples de fazer, e talvez implique em alguns terem menos sucesso que outros. De todo modo, eu acho que cabe ao jornalista cercar-se de gente autorizada a auxiliá-lo e a esclarecê-lo para que ele cometa cada vez menos impropriedades. E A VERGONHA eu acho que nesse sentido já foi muito pior do É UMA que é hoje. TRISTEZA QUE Por que é tão difícil para a sociedade separar o TEM A VER advogado da figura do cliente? COM ALGUM Talvez fosse hora de explicar de maneira mais cristalina para a sociedade que o advogado não ATRIBUTO é cúmplice, mas um profissional que garante a NEGATIVO defesa, e a defesa está assegurada a qualquer FLAGRADO EM um. SI MESMO Como você prepara uma palestra? O quanto uma palestra sua é elaborada e o quanto é espontânea? Eu sou muito menos dedicado que meus colegas, e portanto muito da minha performance se fundamenta no estilo, que é o mesmo do seminário do petróleo (refere-se à primeira vez que falou em público, na escola, quando adolescente). Eu já falava assim diante de um certo público desde que falo, praticamente. No que diz respeito ao conteúdo, isso depende muito de quem quer me ouvir. Há quem queira ouvir falar de ética, e aí, definitivamente, a preparação é muito... foram 30 anos ensinando essa disciplina, então é uma questão de selecionar dentro de um arsenal de coisas aquilo que eu julgo mais relevante – é uma preparação eletiva. Mas há quem solicite temas menos esperados, e isso exige de mim a preparação de um novo conteúdo, e aí a preparação é completamente diferente. Cada caso é um caso. | CLÓVIS DE BARROS FILHO | ENTREVISTA 16 REVISTA DA CAASP


Revista da CAASP - Edição n° 28
To see the actual publication please follow the link above