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Revista da CAASP - Edição 27---

O que você acha do cenário da moda atual mundial e brasileira? Uma moda, como bem dizia a Gabrielle Coco Chanel, para ser moda necessita ganhar as ruas. E o que se vê, pelo menos aqui no Rio de Janeiro, é uma moda nas lojas e outra nas ruas. Posso dizer que creio que o Brasil necessita - para mim com urgência -, fazer roupas baratas, com qualidade e estilo. Vou me explicar melhor: tenho comigo roupas que comprei há 15, 30 anos na França. São lenços e echarpes de camelô ou de lojas simples e tudo está ainda aqui comigo. Mas peças - muitas inclusive caras -, que comprei no Brasil não resistem ao tempo. A moda das ruas, que as pessoas usam no dia a dia, geralmente é de má qualidade e não tem uma modelagem boa. Não podemos ter uma indústria que só capricha na qualidade para uma minoria de clientes que podem pagar. O próprio “fast fashion” no Brasil é de péssima qualidade. Certa vez, comprei uma blusa de gola rolê na Zara. A modelagem a gola era tão ruim que quando vesti a blusa a gola soltou. Pouco depois saiu nos jornais que a Zara, no Brasil, estava envolvida com trabalho escravo. Exceção a tudo isso que falei há várias, sobretudo de marcas paulistas como a G, ex-Deblu, Cori, ex-Decandeux, por exemplo. Mas no mundo todo percebe-se uma preocupação em produzir uma moda mais sustentável e acessível, não? São palavras da moda hoje o “slow fashion” e o consumo consciente. Creio que necessitamos no Brasil ter mais intimidade com a tecnologia e também com a sustentabilidade. Há alguns movimentos por aqui, os quais acho bonitos, como o algodão colorido, sem agrotóxico, que é plantado em Campina Grande, cidade da Paraíba. Mas, de novo, não os vejo ainda presentes nas ruas e nem nas bocas das pessoas. No futuro próximo, quem sabe. O slow fhasion exige um amadurecimento, uma consciência social e ecológica. No Brasil, nós estamos ainda na fase do fast. DICAS 36 REVISTA DA CAASP


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