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Revista da CAASP - Edição 26-

frequentemente sentia-se cansada demais ao realizar atividades simples, como atravessar a rua. “No dia em que resolvi buscar ajuda médica, tive dificuldade de subir a rampa de acesso do hospital. Os enfermeiros, ao perceberem, correram para me socorrer”, descreve. A suspeita era de princípio de infarto, mas exames laboratoriais não revelaram nenhuma deficiência cardíaca. “Fizeram uma série de perguntas sobre minha saúde. Contei que anos antes havia sofrido uma hemorragia pulmonar, e então eles começaram a investigar os pulmões”, conta. E continua: “De repente os médicos passaram a andar de um lado para outro, sempre olhando para mim... Eles não precisaram dizer. Eu sabia que estava com câncer”. Alana foi diagnosticada com um adenocarcinoma no pulmão esquerdo, tumor maligno, bastante agressivo e de difícil remoção cirúrgica. Não foi possível atestar precisamente as causas da doença em Alana, mas, como em outros cânceres, sabe-se que alguns fatores podem contribuir para o aparecimento da doença, entre os quais a hereditariedade (o pai de Alana foi vítima de um câncer no pulmão) e hábitos de risco, como o tabagismo (Alana era fumante). O tratamento contra o câncer foi iniciado em Curitiba, onde moravam seus filhos, Márcio e Marlana. “Foram seis meses de um tratamento caríssimo, que custava cerca de cinco mil reais por sessão”, afirma. A terapia consistia em sessões de quimioterapia - duas semanas de tratamento por uma de descanso. A rotina terapêutica permanece, agora em São Paulo. O tratamento hoje é custeado pelo plano de saúde pago ora pela advogada, ora pelos filhos. Alana dá detalhes de seu penoso tratamento. “É bem doloroso. No primeiro dia, logo quando eu passo pela sessão, não me acontece nada. Mas no dia seguinte, o bicho pega. Náusea, dores, vômito”, detalha. Conformada, ela declara: “É o REVISTA DA CAASP 53 que me mantém viva, um mal necessário”. Além do câncer, a advogada perdeu um dos rins devido a complicações de um diabetes. A saúde comprometida e a dura rotina do tratamento obrigou Alana a diminuir drasticamente suas atividades profissionais. Como consequência, seus recursos financeiros foram minguando. Em 2012, graças ao conselho da amiga Solange de Amorim Coelho, na época presidente da Subseção da OAB-SP do Jabaquara, Alana chegou à Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo. Recorreu à entidade e foi atendida após entrevistas com assistente social e confirmação de sua incapacidade laborativa e precariedade econômica. Com seu pedido deferido pela CAASP, Alana recebe desde então auxílio mensal em dinheiro, cartão-alimentação e auxílio-medicamento, benefícios que se somam à aposentadoria de um salário mínimo e a uma pensão do marido, do qual é separada. À CAASP ela só tem elogios. “A Caixa é maravilhosa. É minha salvação”, diz. E prossegue: “Só de remédio, quando vou à farmácia da CAASP, na Praça da Sé, gasto pelo menos R$ 600,0, isso com os descontos. Imagine sem eles! Quando vem a renovação do benefício e tenho que passar por todo o processo de triagem, eu fico apreensiva. Perder essa ajuda seria desesperador, ainda mais nesta crise”, declara. Alana não perde a esperança de um dia voltar a advogar. “Não pego nenhum caso porque, infelizmente, não tenho saúde para assumir tamanha responsabilidade. Mas vontade não me falta. Eu tenho prazer em advogar e falo com orgulho da minha profissão”, enfatiza. PERFIL


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