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Revista da CAASP - Edição 24

de um câncer de intestino e fígado. “Foram três anos e meio de luta, nos quais eu vi meu pai sendo consumido aos poucos pela doença”, conta, emocionado, para em seguida lembrar: “Ele não ficava parado. Saía muito, ia a reuniões de família, de amigos. Era inteligentíssimo. Falava russo, entre outras línguas. Ele só parou quando adoeceu”. “Eu não conseguia trabalhar com meu pai doente, não tinha cabeça. A gente começou a apertar de todos os lados”, recorda Antônio, referindo-se aos gastos com o tratamento da doença de Adair. Seus dois irmãos e outros parentes passaram a ajudá-los financeiramente. Em julho de 2013, o jovem advogado sofreu dois duros golpes: o falecimento do pai e o diagnóstico de hepatite C e cirrose hepática. “Eu não tive nem tempo de chorar a morte do meu pai”, pontua. Iniciou o tratamento no Centro de Referência e Tratamento de DST-Aids, mas, pouco tempo depois, os procedimentos tiveram de ser suspensos, pois a medicação provocara-lhe uma grave alergia. Sem tratamento, a carga viral da hepatite C aumentou, agravando-lhe o quadro. Desolado, desenvolveu depressão. Com a fragilidade de sua saúde e o estado emocional abalado, portanto sem condições de trabalhar, Antônio viu a situação financeira dele e da esposa, Cláudia, agravar-se. Em seu socorro, os irmãos renunciaram às partes às quais tinham direito do apartamento deixado como herança pelo pai. Como único dono do imóvel, e na tentativa de se livrar das despesas com condomínio, Antônio vendeu a propriedade e adquiriu uma casa bem mais simples num bairro da Zona Sul paulistana, onde vive com a mulher. REVISTA DA CAASP 63 Todas as tormentas enfrentadas pelo advogado nos últimos anos foram compartilhadas com Cláudia, a quem faz questão de enaltecer em diversos momentos da entrevista à Revista da CAASP. “Ela... ela... ela é uma pessoa... é a mais importante na minha vida. Sempre do meu lado”, diz, tentando encontrar as melhores palavras para descrever a companheira. Por indicação de um colega, em 2014 chegou à CAASP. Antônio solicitou à Caixa o auxílio mensal, modalidade de benefício que a entidade oferece aos advogados em situação de penúria, impossibilitados de trabalhar por problemas de saúde. Por conta de sua situação extremamente difícil, outros pedidos também foram atendidos, como a concessão dos auxílios medicamento, odontológico e extraordinário. “Não fosse a CAASP eu não teria condições de subsistir com minha esposa”, diz Antônio. “Se eu teria condições de pagar todos os remédios que eu preciso fora da CAASP? Não”, pergunta e responde. “Eu tenho tido com a Caixa as melhores experiências possíveis. Tive durante esse período um apoio da Caixa que eu não tive das pessoas que eu imaginava que teria”, afirma. Em maio último, depois de recorrer à Justiça e sair vitorioso, o advogado conseguiu a liberação pelo SUS de duas novas medicações para tratamento da hepatite C de alto custo e sem similar no mercado, o sofosbuvir e o daclatasvir – as quais não lhe causam reação alérgica. Além disso, pesquisas indicam que as novas terapias contra a hepatite C apresentam um percentual maior de cura do que a usual. “Logo vou zerar a carga viral”, diz, confiante, e engata a falar sobre seu maior desejo: sentir-se bem e forte para voltar a advogar. | PERFIL


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