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Revista da CAASP - Edição 24

ESPECIAL 36 REVISTA DA CAASP “A insegurança econômica dos trabalhadores, quando combinada com a migração, criou uma mistura tóxica. Muitos refugiados são vítimas de guerras e opressão para as quais o Ocidente contribuiu. Oferecer ajuda é uma responsabilidade moral de todos, mas especialmente das antigas potências coloniais.” O trecho acima transcrito é da lavra do americano Joseph Stiglitz, ex-economista-chefe do Banco Mundial, Prêmio Nobel de Economia em 2001. O artigo do qual constam a palavras aqui reproduzidas foi publicado no site Project Syndicate após o advento britânico do Brexit. Stiglitz vai além: “A Europa, especialmente na Eurozona, tem sido pessimamente administrada nas décadas recentes, a ponto de o desemprego médio já estar no nível de dígito duplo. Imigração livre dentro da Europa significa que países que realizaram um trabalho melhor reduzindo o desemprego terão uma quota maior de refugiados. Trabalhadores nesses países sofrerão o custo de salários deprimidos e maior desemprego, enquanto os empregadores se beneficiam dos baixos salários”. O diagnóstico do celebrado economista vai ao cerne da mais grave questão socioeconômica deste início de século, que tem na Europa seu epicentro. A xenofobia revela-se viva como nunca. Imigrantes em busca de trabalho são rechaçados por causa do medo local de desemprego ou de atos terroristas; refugiados de guerra ou de regimes tirânicos são vítimas de violento preconceito, quando não morrem nas águas do Mediterrâneo, onde são lançados à sorte pelas mãos de coiotes. A globalização, vendida como caminho dourado para a prosperidade, parece fazer água. “O processo de globalização vem sendo muito criticado há algum tempo. E por quê? A globalização aumentou a transferência de pessoas de um país para outro, por conta de uma diminuição de restrições e da percepção de que a mobilidade seria a solução para problemas pessoais, tanto no caso de refugiados, que são pessoas perseguidas, seja no caso daqueles que deixam sua região pelo baixo grau de desenvolvimento, ou seja ainda no caso dos que passam por transtornos provocados por mudanças climáticas”, analisa o advogado Manuel Nabais da Furriela, professor de Direito Internacional e presidente da Comissão de Direito do Refugiado, do Asilado e da Proteção Internacional da OAB-SP. O problema é sentido no mundo inteiro. Mesmo os blocos comerciais, surgidos como uma espécie de reação à globalização, não andam bem. “A União Europeia, o Nafta e o Mercosul estão em crise. O Reino Unido saiu da União Europeia, e a Holanda está pensando em sair. O Brasil não pretende sair do Mercosul, mas quer mudar algumas regras. Nos Estados Unidos, o candidato Furriela: todos os blocos econômicos estão em crise. Arquivo M. R. F. WEB


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