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Revista da CAASP - Edição 21

\\ EDITORIAL Educação, prioridade no discurso A Revista da CAASP fez uma extensa entrevista, em 2013, com Cristovam Buarque. O tema era educação, em que o senador é versado e do qual ele trata em todos os seus palanques. Disse-nos, então, que Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (a do primeiro mandato) não trataram o ensino como prioridade. Salvo louváveis iniciativas de ampliação do acesso, pouco fora feito para de fato conferir qualidade às escolas brasileiras, de modo a tornar nossos jovens preparados, se não para as altas letras, ao menos para as carreiras técnicas, estas não menos importantes que as primeiras. Veio a reeleição da presidente Dilma Rousseff e com ela o slogan Pátria Educadora. A sinalização de que a necessidade de bem educar as crianças brasileiras sobrepor-se-ia a quaisquer volúpias fisiológicas, marca indelével da política nacional, trouxe certo conforto, o qual somou-se à boa notícia de que 75% dos recursos provenientes do petróleo extraído da camada pré-sal teriam um só destino: a educação. Estranhos, muito estranhos mesmo, os caminhos da política brasileira. Logo no primeiro ano sob o bordão alentador, tivemos três ministros da Educação. Cid Gomes, ex-governador do Ceará, político de peso, caiu por pressão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, antes deste sofrer as graves denúncias às quais responde agora. Seu substituto foi o filósofo e professor da Universidade de São Paulo Renato Janine Ribeiro, nome externo à política partidária, figura respeitada no meio acadêmico. Bem antes do fim do ano, Janine foi vítima do remanejamento ministerial que pôs de novo Aloizio Mercadante na Pasta, advindo de uma experiência desastrosa como ministro-chefe da Casa Civil. Quem acreditava que o ensino era prioridade mudou de ideia. Se fosse intenção do governo tornar o Brasil uma Pátria de fato educadora, o posto de ministro da Educação estaria acima do troca-troca de cargos para atender a acomodações de interesses partidários. Quanto aos recursos do pré-sal, estes ainda podem gerar bons frutos. Antes, porém, é necessário que o preço do barril de petróleo volte a um patamar razoável e o Ministério da Educação comece a transferir o dinheiro aos municípios, e deixe de utilizá-lo para custear despesas correntes. A reportagem de capa desta edição aprofunda o debate sobre a educação no Brasil. Em “Entrevista”, a palavra está com o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Britto, que, poeticamente, como é sua marca, dá uma estocada em seus ex-colegas de corte: “O STF foi infeliz quanto à tramitação do impeachment”. A seção “Saúde” faz uma radiografia de um Brasil campeão mundial de uso de agrotóxicos, uma prática tão grave quando pouco combatida. Em “Dicas”, o leitor saberá como softwares especiais podem otimizar o trabalho de um escritório de advocacia. “Cultura” analisa a literatura simples, e ao mesmo tempo profunda, do Prêmio Nobel Patrick Modiano, e o cinema de Robert Bresson no sui generis “O processo de Joanna D’Arc”. Fecha esta edição um oportuno artigo do criminalista Cid Vieira de Souza Filho sobre a Operação Lava Jato e as prerrogativas dos advogados. 4 // Revista da CAASP / Fevereiro 2016


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