Page 40

Revista da CAASP -Edição 16 - Final - 1

PERFIL 40 // Revista da CAASP / Abril 2015 \\ Paixão pela advocacia e respeito pelos colegas Em tom professoral, do alto de seus 90 anos, Luiz Gonzaga da Silva é um homem lúcido e crítico, capaz de relatar cada Cristovão Bernardo um de seus passos ao longo de nove décadas pontuando cada emoção sentida. “Eu queria ser alguém útil para a sociedade. Um colega, que era advogado, sempre me sugeria cursar Luiz Gonzaga: “As pessoas não querem um advogado velho” Direito”, recorda. Apaixonou-se pela advocacia logo ao iniciar a faculdade. “Eu fiquei muito entusiasmado com a profissão”, salienta. Formou-se em Direito em 1973 pela Universidade de Bragança Paulista. Tinha já seus 48 anos quando começou a atuar na profissão. O primeiro dissabor não tardou: “Juntei-me a um escritório de advocacia em São Bernardo do Campo, mas se tratava de uma comuna de advogados para ganhar dinheiro fácil à custa da ignorância alheia. Saí dali decepcionado”. Luiz Gonzaga foi então trabalhar como advogado-conciliador na recém-criada Vara do Juizado Especial Cível do Foro Regional II, em Santo Amaro, onde atuou por nove anos. “Me sentia muito bem naquele ambiente, estava em um meio familiar, de juristas”, conta. Fazia de um quarto em sua casa, também em Santo Amaro, um escritório para trabalhos extras. Em 1974, recebeu do diretor da Organização Santamarense de Educação e Cultura (Osec) uma bolsa de estudos na área da saúde. “Na faculdade de Direito existia uma disciplina chamada ‘Medicina Legal’ e eu tinha ótimas notas. Essa informação acabou chegando às mãos do diretor da Osec, que me estimulou a cursar medicina, mas, por se tratar de um curso em período integral e eu precisar trabalhar, acabei cursando biomedicina”. Formou-se em 1978. Como biomédico foi professor na própria Osec e em outras instituições. A vida repleta de conquistas, contudo, foi se deteriorando com o passar do tempo. Quais as razões? “Primeiro, por causa da idade. As pessoas perdem o interesse em ter um advogado muito velho”, diz Luiz Gonzaga. Em 2011, aos 86 anos, numa severa queda, fraturou o fêmur esquerdo. Somou-se ao quadro o surgimento de uma incômoda hérnia de disco e hipertensão arterial. Com o fêmur recuperado mas com fortes e persistentes dores lombares, ele passou a se locomover com a ajuda de uma bengala. O ritmo de trabalho caiu vertiginosamente.


Revista da CAASP -Edição 16 - Final - 1
To see the actual publication please follow the link above