Page 34

Revista da CAASP -Edição 16 - Final - 1

SAÚDE \\ além de ser professor-doutor do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Ele explica: “Uma cidade capta água de um rio. Trata, consome, transforma em esgoto e não tem onde jogar se não no próprio rio. Esse é o procedimento de uma cidade. Como não existe um rio para cada cidade, ou seja, elas compartilham o mesmo manancial, uma segunda cidade vai pegar a água que aquela primeira usou e jogou fora. Essa segunda cidade pega a água, trata, consome, transforma em esgoto e joga no rio, e assim acontece com todas as demais”. A preocupação em torno da água de reúso não está na concentração de coliformes fecais - estes seriam retirados facilmente. O perigo está na retirada de substâncias químicas e hormônios comuns a uma série de medicamentos, antibióticos e outros. “Esses são os chamados poluentes emergentes, resíduos presentes em praticamente todas as águas nos dias de hoje. São chamados de emergentes pelo fato de nós ainda não conhecermos seus efeitos à saúde. Apenas se sabe que no dia seguinte à ingestão eles não provocam problemas, mas muitos anos depois podem causar doenças”, explica Mancuso. O professor lembra que, embora já exista tecnologia eficaz para alcançar a qualidade de água desejável para todas as finalidades, aspectos econômicos podem inviabilizá-la. Para ser reutilizada, a água poluída precisa passar por um sofisticado tratamento antes de ser lançada nas represas (“ultrafiltração”). A partir da represa, a água de reúso, misturada à água acumulada pelas chuvas, seria coletada e novamente tratada, passando pelo processo convencional de tratamento e finalmente distribuída à população. “Nós não temos mais alternativas de captação de água. Temos de tirá-la de onde tivermos, e nos poços não há água para as mais de 40 milhões de pessoas que vivem 34 // Revista da CAASP / Abril 2015


Revista da CAASP -Edição 16 - Final - 1
To see the actual publication please follow the link above