Page 43

Revista da CAASP -Edição 15

Malala era uma menina igual às outras, para quem nos piqueniques no campo a brincadeira favorita eram os casamentos de faz de conta, em que cantavam músicas de Bollywood e se lambuzavam com maquiagem que pegavam das mães. Sua militância a fez diferente, entretanto. O atentado e o que veio depois, em sofrimento e em glória, roubaram-lhe o que sobrava de sua infância. Mas no hospital de Birmingham, reconhecendo a criança à sua frente, uma das médicas que a assistia deu-lhe de presente um grande urso branco de pelúcia que a acompanhou durante a reabilitação. A militância levou-a a desejar abraçar a política, segundo diz para fazer o que os políticos prometem mas não fazem. Ao discursar nas Nações Unidas, aos 16 anos, a pequena Malala Yousafzai já demonstrava o porte e a força das grandes mulheres orientais, trajando sobre sua túnica tradicional um dos xales que pertenceram a Benazir Butto, com que foi presenteada por seus filhos após o atentado. Benazir Butto foi a primeira mulher a eleger-se para o cargo de primeiro-ministro no Paquistão, em 1988, tendo sido assassinada em 2007. O homem que baleou Malala em 2012 foi prontamente identificado. Continua solto. *Luiz Barros é escritor e jornalista. Fevereiro 2015 / Revista da CAASP // 43


Revista da CAASP -Edição 15
To see the actual publication please follow the link above