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Revista da CAASP -Edição 15

\\ Malala Yousafzai, 17 anos, Prêmio Nobel da Paz Ao ser agraciada com o Prêmio Nobel da Paz em outubro de 2014, Malala Yousafzai, de 17 anos, ativista paquistanesa pelo direito da educação das meninas, é a mais jovem personalidade a receber a honraria. No livro Eu sou Malala (2013), escrito em parceria com a veterana jornalista britânica Christina Lamb, ela relata sua vida. 40 // Revista da CAASP / Fevereiro 2015 Por Luiz Barros* No Paquistão, o livro Eu sou Malala foi banido das escolas particulares logo após seu lançamento, em 2013, sob o argumento de desrespeito ao Islã e de ser anti-Paquistão e pró-Ocidente. Em resposta ao Prêmio Nobel que foi outorgado à jovem em outubro de 2014, escolas particulares paquistanesas, em antagonismo com o Dia Internacional Malala, instituído com o apoio da ONU imediatamente após o atentado que ela sofreu em 2012, criaram em novembro de 2014 o Dia Anti- Malala, propagado com cartazes que diziam: Eu não sou Malala. Por sua juventude, a rebeldia face ao arbítrio, o senso de independência, a fortaleza e o caráter, a vida parece prometer a Malala Yousafzai um longo caminho. Pela intolerância de seus inimigos, o mundo jurídico, policial e militar lhe devem garantias de segurança. Em 2013, no dia em que completou 16 anos de idade, a paquistanesa Malala Yousafzai discursou nas Nações Unidas para uma audiência de 400 pessoas, dirigindo-se aos líderes políticos mundiais em defesa do direito à educação gratuita para todas as crianças. Em 2014, aos 17 anos, tornou-se a mais jovem vencedora do Prêmio Nobel da Paz desde que a premiação foi instituída, em 1901. O preço que pagou antes de alcançar os mais altos níveis de reconhecimento universal não foi pequeno: em 2012, aos 15 anos, Malala ficou entre a vida e a morte ao ser baleada na cabeça por terroristas do Talibã, que a tinham numa lista de pessoas marcadas para morrer por conta de sua corajosa e intensa militância em prol da educação de meninas. O Talibã, um movimento radical islâmico, inicialmente surgido no Afeganistão, onde tomou o poder em 1996, após o “11 de Setembro”, em 2001, desloca-se para o Paquistão e passa a disputar com o governo e o exército o domínio do Estado, quando não se infiltrando no próprio Estado, em especial buscando a imposição de uma lei islâmica fundamentalista que pela violência contraria preceitos do próprio Islã. O domínio do Talibã sobre as populações e os territórios sob sua influência deriva da doutrinação religiosa, da violência que impõe o medo e a obediência, e, entre outros fatores, também de um sistema de justiça paralelo baseado no poder dos mulás (líderes religiosos) – sensivelmente mais rápido na resolução de conflitos do que a justiça oferecida pelo poder judiciário.


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