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Revista da CAASP -Edição 15

\\ Homofobia assassina Mais atuante organismo de defesa dos direitos dos homossexuais do país, o Grupo Gay da Bahia (GGB) divulgou no início de 2015 o último Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais (LGBT) no Brasil, referente a 2013. Os dados são estarrecedores e provocam, antes de tudo, indignação, e, depois, curiosidade: que razões levam uma pessoa a odiar outra, cuja opção sexual lhe é diferente, ao ponto de matá-la? “Mesmo em crimes envolvendo latrocínio, prostituição de travestis e violência doméstica de casais LGBT, a homofobia cultural e a governamental são responsáveis por tais sinistros, pois estigmatizam e empurram as travestis para a marginalidade, permitem o bullying nas escolas, acrescido do efeito pernicioso dos sermões fundamentalistas aliados do governo que demonizam gays, acirrando sobretudo entre os jovens o ódio anti-homossexual”, explica Marcelo Cerqueira, presidente do Grupo Gay da Bahia, no relatório em questão. Foram documentados, em 2013, 312 assassinatos de gays, travestis e lésbicas no Brasil, o que significa um homicídio a cada 28 horas. Esse total mantém o país na condição de campeão mundial de crimes de crimes homotransfóbicos. Segundo agências internacionais, 40% dos assassinatos de transexuais e travestis em 2013 foram cometidos no Brasil. Ressalte-se a crueldade da maioria dos crimes: 100 deles deram-se com arma branca (faca, punhal, canivete, foice, machado ou tesoura), 93 com armas de fogo, 44 por espancamento (paulada, pedrada, marretada), 31 por asfixia. Quatro das vítimas foram queimadas. Para o antropólogo Luiz Mott, da Universidade Federal da Bahia, “a subnotificação desses crimes é notória, indicando que tais números representam apenas a ponta de um iceberg de violência e sangue, já que o 22 // Revista da CAASP / Fevereiro 2015 banco de dados do GGB é construído a partir de notícias de jornal, internet e informações enviadas por ONGs LGBT”. Projeto de lei - No Congresso Nacional, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) é vítima frequente da ira do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que não esconde seu desapreço por esquerdistas e homossexuais. Ela é autora de um projeto de lei (PL 7.582/2014) que define crimes de ódio e intolerância, cujo ponto principal é a criminalização da homofobia, mas que visa a punir também atos preconceituosos por motivo religioso, de gênero, de idade, de classe social, contra moradores de rua e pessoas com deficiência. O projeto encontra-se em apreciação na Comissão de Constituição de Justiça da Câmara. ESPECIAL Parada Gay em São Paulo. Na mesma avenida Paulista, homossexuais são espancados Adriana: “é dificil dialogar com fundamentalistas” Arquivo OAB-SP GayPrideBrazil


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