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Revista da CAASP -Edição 15

ESPECIAL \\ Na passeata parisiense estavam políticos como o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que numa das últimas vezes em que ordenou ataques à Faixa de Gaza provocou a morte de duas mil pessoas, na maioria civis, Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, onde os direitos civis são limitadíssimos, Abdulah Al-Nahyan, ministro do Exterior dos Emirados Árabes, país acusado de financiar jihadistas e de aprisionar jornalistas sem julgamento, e o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, que instituiu uma espécie de “lei da mordaça” contra a cobertura de protestos de rua, entre outras celebridades. Até o Charlie Hebdo esconde pecados quando defende a liberdade de expressão. Em 2009, o cartunista Maurice Sinet, que assina desenhos sob o pseudônimo de Sine, teve de deixar o jornal após ironizar o filho do então presidente francês, Nicolas Sarkozy, que, segundo rumores, pretendia converter-se ao judaísmo e casar-se com uma judia milionária. Com veneno, Sine escreveu que o jovem, finalmente, iria progredir na vida. O editor Philippe Val pediu a Sine que se retratasse pelo caráter antissemita da charge, a que o humorista respondeu: “Prefiro ser castrado”. Não raro posicionado a reboque de Estados Unidos e Europa, no campo da convivência entre Cerca de seis milhões de muçulmanos vivem em Paris 18 // Revista da CAASP / Fevereiro 2015 religiões o Brasil é exemplo a ser seguido, exceto quando interesses empresariais pegam carona na fé alheia (leia mais à frente “Católicos e evangélicos no ringue das TVs”). “No Brasil, nós, muçulmanos, judeus e cristãos estamos vivendo da melhor maneira possível. Por aqui não se escuta uma voz de violência entre essas três religiões”, elogia o xeique Houssan Al Boustani. Prova do que fala Al Boustani é o manifesto assinado conjuntamente por ele, pelo padre José Bizon, cônego honorífico do Cabido Metropolitano de São Paulo, e por Raul Meyer, presidente do Centro de Cultura Judaica, logo após o atentado contra o Charlie Hebdo e seus desdobramentos: “Nos últimos dias o mundo ficou estarrecido pelos diversos ataques efetuados por  terroristas em nome de Deus. Nosso país recebeu e continua acolhendo pessoas de diferentes etnias, culturas e religiões, as quais vêm contribuindo para o seu progresso, desenvolvimento e cultura. Isso nos mostra que o Brasil é um exemplo de boa convivência e de respeito ao diferente. (...) condenamos veementemente toda e qualquer forma de violência praticada em nome de religiões, e confirmamos nosso compromisso em favor da paz, do respeito, da liberdade religiosa, cultural e de expressão, convidando todas as pessoas de fé e de boa vontade a serem construtoras de uma cultura de paz”. O antissemitismo vive “Nós combatemos a islamofobia com a mesma força com que lutamos contra o antissemitismo”. A frase foi dita à Revista da CAASP por uma importante liderança judaica brasileira. Ricardo Berkiensztat é vice-presidente executivo da Federação Israelita do Estado de São Paulo, e sua declaração corrobora France Diplomatie


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