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Revista da CAASP -Edição 14 - Final - 6

\\ PERFIL Brasileiro e advogado de coração Carlos Alberto Salgadinho é uruguaio naturalizado brasileiro. Chegou aqui em janeiro de 1948, trazido pelos pais, quando tinha apenas dois anos. Seu sonho era ser diplomata, mas por não ser brasileiro nato não pôde concretizá-lo. “Sou mais brasileiro que uruguaio”, diz. Decidiu-se então pelo Direito. “Vi na advocacia o viés humanitário, com o qual eu queria trabalhar e me dedicar durante a vida”, conta. Cristovão Bernardo Salgadinho ingressou em 1964 na Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco. Formou-se em 1969 – o diploma, emoldurado, enfeita a parede da sala de estar de seu modesto apartamento na Vila Buarque, na região central da capital paulista. “Sempre trabalhei para terceiros, nunca tive meu próprio escritório. Foi o modo como eu acabei sendo conduzido pela profissão”, relata Salgadinho. Seu currículo profissional é extenso. De sua trajetória uma passagem não se apagou da memória e, tal qual seu diploma de bacharel em Direito, é também exibida na sala de estar do seu apartamento. Trata-se de uma placa de mesa fornecida pela Seção de São Paulo da OAB em sua homenagem, “pelos serviços prestados à classe”. De 2004 a 2006, Salgadinho participou da 3ª Turma do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-SP. “Ali percebi como muitos advogados são seduzidos a cometer ilícitos que juraram não cometer”, observa, salientando ter sido um intransigente defensor da ética durante os anos em que advogou. Mas a vida, repleta de conquistas e passagens gratificantes, seria abalada em janeiro de 2011. Aos 65 anos, Salgadinho sofreu uma severa infecção no pé esquerdo, decorrente de uma ferida agravada pela diabetes. A gravidade do quadro levou o advogado ao hospital. “A partir daí, tudo aconteceu muito rápido e minha vida foi totalmente modificada”, relata. A infecção se mostrou resistente, disseminando-se pela tíbia - o pé gangrenava. Sem alternativas, em caráter de urgência, os médicos foram obrigados amputar-lhe a perna esquerda do joelho para baixo. Ao deixar o hospital, um mês depois, iniciou o processo de reabilitação por meio de fisioterapia. Com a ajuda de colegas, Salgadinho conseguiu adquirir uma prótese de titânio. Adaptou-se bem, mas para se movimentar até hoje precisa de apoio. Em casa, utiliza uma muleta com quatro pontos na base para se locomover. Na rua, recorre a um andador. A tarefa não é nada fácil. 34 // Revista da CAASP / Dezembro 2014 Salgadinho: “tudo aconteceu muito rápido”


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