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Revista da CAASP - Edição 09 -

Interno Bruto esvai-se em ações corruptas. Se considerados os últimos dados consolidados do PIB, a perda nominal com a corrupção fica entre R$61,7 bilhões e R$101,2 bilhões, enquanto presos são decapitados no Maranhão e, em São Paulo, comemora-se uma queda nos homicídios, mesmo que acompanhada de um aumento nos latrocínios. No momento em que o Banco Central eleva a taxa básica de juros para conter a inflação e os tecnocratas do Ministério da Fazenda realizam mágicas contábeis para alcançar o superávit primário, promover uma Copa do Mundo é questionável até mesmo para os keynesianos, que defendem o investimento estatal como impulsionador do crescimento. Além disso, descortinou-se outro problema mais do que previsível: a Copa é inflacionária. Sim, varejistas e prestadores de serviço das cidades-sede já aumentaram seus preços para “recepcionar” os turistas, e o farão mais vezes até o final do evento. Para tornar 2014 definitivamente ímpar, depois da Copa do Mundo teremos eleições para presidente da República, governador de Estado, senador, deputado federal e deputado estadual. Trata-se da consagração da democracia e como tal o evento merece ser saudado. O problema surge quando a disputa eleitoral torna-se palco do mais nocivo maniqueísmo. O ímpeto de destruir reputações de adversários prevalece sobre a apresentação de propostas de governo. Velhos dogmas e apelações de cunho religioso são invocados para sensibilizar o eleitor incauto. Muito dinheiro corre por baixo do pano. E dá-lhe marketing! Ao que tudo indica, a Copa do Mundo é irrevogável e o comportamento dos nossos políticos, imutável. Mas nossa resignação será a pior das atitudes. O enfrentamento dos fatores que nos afligem como cidadãos e que nos tornam menores como Nação não pode ficar em suspenso enquanto a Fifa recheia seus cofres, os políticos se locupletam e as escolas de samba desfilam pela avenida (pois é, tínhamos nos esquecido do Carnaval). Somente uma conduta crítica, engajada, perante as imposturas nacionais pode evitar seu recrudescimento neste ano atípico. Caso contrário, nos restará repetir a frase de um velho amigo brincalhão: “Acho que vou tirar umas férias neste restinho de ano...” Fábio Romeu Canton Filho Fevereiro 2014 / Revista da CAASP // 7


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