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Revista da CAASP - Edição 09 -

\\ A palavra passou a designar um gênero literário. Desde então muitas outras obras de diferentes autores conquistaram o status de clássicas utopias. Porém, enquanto algumas dessas utopias, como a de More, descrevem lugares pretensamente felizes, outras são claramente negativas, em geral descrevendo sociedades futuras totalitárias em todas as suas cores, como os célebres 1984, de George Orwell, e Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Para designar com maior precisão esses distintos tipos de utopia, os comentaristas criaram duas outras palavras. Eutopia, com o sentido de “um lugar do bem”, designa as visões de mundo otimistas; e distopia, “um lugar do mal”, as pessimistas (Paulo Tunhas). Esses termos são de uso restrito aos meios acadêmicos, mas é interessante mencioná-los para enfatizar o caráter ambíguo que existe na formulação das utopias. A justiça é um tema central em todas as utopias, não apenas na de Thomas More. Por essa razão, todas enunciam um sistema de punições e castigo, exceção talvez seja feita a Walden II, o romance utópico de Skinner, o fundador da psicologia comportamental no Século XX. Skinner defendia o ensino somente por meio da utilização do condicionamento positivo (reforço de comportamento), sem necessidade de punição (para extinção de comportamentos), e propôs uma sociedade em que a harmonia social seria obtida a partir do condicionamento positivo de todos os cidadãos, a que seus críticos, à época, retrucaram com a famosa questão que também se aplica a outras situações e a outras utopias: “E quem condicionará os condicionadores?” 42 // Revista da CAASP / Fevereiro 2014 *Luiz Barros é escritor e jornalista. Sacco e Vanzetti, mártires do anarquismo A censura da ditadura militar brasileira permitiu a muito poucos assistirem ao filme Sacco & Vanzetti, de Giuliano Montaldo. A película é um expoente do cinema político europeu da década de 1970 e reconstitui sinteticamente, com realismo e arte, o julgamento de Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti, dois anarquistas italianos condenados por roubo e duplo assassinato em 1921 no estado de Massachussetts, nos EUA. Produção franco italiana de 1971 – realizada 50 anos após a condenação dos acusados sob duvidosas provas –, o filme estrelado por Gian Maria


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