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Revista da CAASP - Edição 09 -

\\ Utopia e realidade na vida de Thomas More Por Luiz Barros* Utopia, o clássico livro de Thomas More publicado 38 // Revista da CAASP / Fevereiro 2014 em 1516, é importante até hoje, em parte pelo valor literário que conserva, mas principalmente como material de reflexão para quem se interessa por política, sociologia, direito e humanidades em geral, em especial filosofia. Aos 15 anos More ingressou em Oxford, onde se dedicou às letras clássicas e, depois, cursou duas escolas de direito em Londres, aperfeiçoando-se em direito civil, direito canônico, e em common law. Em funções diplomáticas e políticas, cumpriu missões no exterior, em defesa dos interesses comerciais do reino e das empresas mercantilistas britânicas, foi membro do Parlamento e feito cavaleiro por Henrique VIII, de quem foi conselheiro, ministro e chanceler, cargo apenas inferior à posição do próprio rei na monarquia inglesa. A defesa de seus princípios religiosos e sua oposição à submissão da religião ao Estado valeram-lhe a decapitação aos 57 anos, em 1535. More foi condenado quando Henrique VIII rompeu com o Papa, por ter o pontífice se oposto ao seu divórcio de Catarina de Aragão, para casar-se com Ana Bolena – que posteriormente ele também decapitou –, de quem ele esperava lhe desse um filho homem, pois só tinha filhas. Para oficializar seus desígnios, o monarca fez passar no Parlamento duas leis em 1534, o Act of Sucession e o Statute of Supremacy, por meio das quais destituía Catarina como rainha; legalizava seu divórcio e o casamento com Ana Bolena; estabelecia a seu critério a própria linha de sucessão; e, para culminar, rompia com Roma e a Igreja Católica, criando a Igreja Anglicana e submetendo todo o clero da Inglaterra ao Estado, quer dizer, ao poder do rei. Então, como assinala Will Durant, “comissários do rei, escoltados por soldados, percorreram todo o país, entrando nas casas, nos castelos, nos monastérios e conventos exigindo juramento de lealdade ao rei. Somente poucos recusaram ... entre eles Thomas More”. Por sua fidelidade à fé católica, de que foi mártir, após quatro séculos, em 1935, foi canonizado.


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