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Revista da CAASP - Edição 09 -

PARCERIA \\ “Essa taxa não volta mais, será permanente em 10%. Trata-se de um objeto de desejo das famílias de renda menor e média e não pode ser mais classificada como um bem de luxo. Metade dos lares brasileiros não possui máquina de lavar, então existe uma demanda aquecida pelo produto”, explicou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao anunciar a prorrogação da redução do IPI incidente sobre a linha branca. Para os economistas, é difícil entender o critério que o governo utiliza para promover esse tipo de desoneração tributária. “O governo não tem critério algum. Como explicar o fato de que os remédios têm impostos proporcionalmente mais altos do que os automóveis, por exemplo?”, indaga Gonsalves, autor de estudos sobre setores da economia, entre os quais o da indústria farmacêutica, o da indústria automobilística e o da linha branca. O critério político é mais fácil de identificar. No caso da linha branca, a redução do preço ajuda no êxito do Programa Minha Casa Melhor, vitrine do Governo Dilma Rousseff, que oferece financiamento a juros baixos para quem compra eletrodomésticos básicos, como geladeira, fogão e máquina de lavar. Para o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula, a redução do IPI e o Programa Minha Casa Melhor ajudaram o setor, mas, apesar disso, as vendas em 2013 caíram 3%, depois do recorde de vendas em 2012, quando subiram mais de 20%. “Sem a redução do IPI, teria sido bem pior”, afirmou Kiçula. Renaldo Gonsalves diz que a redução do IPI provoca aumento de vendas no primeiro momento e posterior estabilização. Um dos motivos é cultural. No Brasil, à exceção de celulares e computadores, que compõem a chamada linha marrom, as pessoas demoram para trocar seus eletrodomésticos. “As pessoas gostam de dizer que têm uma geladeira há mais de 20 anos e ela ainda funciona perfeitamente, sem ter apresentado nenhum defeito”, lembrou o professor. “Elas não levam em consideração que o aparelho antigo consome mais energia. A troca poderia ser compensada pela economia na conta de luz. Essa é a conta que precisa ser feita”, explica. Por isso, se houver disponibilidade financeira, o recomendável é que o consumidor não espere pelo defeito para trocar os produtos da linha branca. “Os eletrodomésticos têm cada vez mais eficiência energética”, observou. Mas não é pelo bolso que os fabricantes e os revendedores querem atrair os consumidores. O design se tornou um dos principais apelos de venda do Magazine Luiza, por exemplo. Entre os argumentos 32 // Revista da CAASP / Fevereiro 2014


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