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Revista da CAASP - - - - Edição 08

\\ PERFIL Advogar sempre Ivany Ferreira da Costa nasceu na pequena cidade de Piracaia, no interior de São Paulo, em uma família numerosa de comerciantes descendentes de italianos e portugueses. Desde os 13 anos ela dizia com firmeza o que seria quando crescesse: advogada. “Sempre que ficava sabendo de um julgamento no Fórum da cidade, eu queria conferir”, lembra com empolgação. A jovem Ivany não podia prever o quão árduo seria seu caminho até a advocacia, menos ainda o quanto seria difícil permanecer na profissão. “Meu pai não acreditava que as mulheres de nossa família devessem estudar. Eu era contra esse pensamento”, relata. Em 1960, ela adiou o sonho para casar-se e constituir família. Mudou-se para São Paulo, onde criou seus três filhos - Rogério, Roberta e Rodrigo. “Quando recebi um diagnóstico de câncer no colo do útero, em 1987, eu acreditava que me restava pouco tempo de vida, e fui aconselhada pela médica a fazer o que tivesse vontade. Foi então que decidi entrar na faculdade”, conta, orgulhosa. Aos 38 anos, saída de um árduo tratamento por quimioterapia e radioterapia e de uma cirurgia para retirada total do útero, Ivany ingressou no curso de Direito da Fundação Instituto de Ensino para Osasco (Fieo). Pagou os estudos trabalhando como vendedora de jóias e se formou em 1992. Prestou o Exame de Ordem, foi aprovada e alcançou seu objetivo. Àquela altura, a vitória parecia completa, pois o câncer desaparecera com retirada do útero. Ivany deslanchou na profissão. “Logo que peguei minha Carteira de Ordem, montei meu escritório. Era uma sala, com uma mesa e uma máquina de escrever apenas. Os meus primeiros clientes surgiram por indicação do colega Eduardo Tavares, com quem eu havia trabalhado como estagiária, durante o tempo de faculdade”, recorda. Mas o destino lhe reservaria novos contratempos. Casamento em crise, decidiu se divorciar. Foi morar em Praia Grande, na Baixada Santista, e o complicado processo de separação se alongou por anos. “Como mantive meu escritório em São Paulo, eu deixava a Baixada às 5h30 e só voltava as 22h30. Na Capital, o dia era cheio, às vezes nem me sobrava tempo para almoçar. Foram anos nessa rotina.” Foi nesse momento que novos tumores apareceram, dessa vez no pâncreas e na bexiga. Em 2011, ela teve uma diverticulite perfurada que quase a levou à morte. Tudo isso foi sanado, mas à custa de nada menos que 15 cirurgias. Num esforço sobre-humano, ela não abandonou a profissão que escolheu. 42 // Revista da CAASP / Dezembro 2013 Ricardo Bastos Ivany: história de luta


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