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Revista da CAASP -- Edição 06

cativas do Maracanã, a Lei da Acessibilidade, que prevê 4% dos lugares para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida”, acusa Romário. “A Fifa tem que baixar a bola, deixar de arrogância, respeitar a cultura e as leis dos países-sede”, ataca o ex-craque. Projeta-se que a Fifa lucrará R$ 4 bilhões com a Copa do Mundo no Brasil, por meio de venda de ingressos, transmissão dos jogos, cotas publicitárias e isenções fiscais – estas, estimadas em R$ 1 bilhão. Nada que não estivesse descrito no seu caderno de encargos, submetido aos países candidatos a sediar o evento, e nada é exclusividade brasileira. “Na Alemanha, terra da cerveja artesanal, vendia-se Budweiser durante a Copa. O Partido Verde fez um escândalo e o máximo que se conseguiu foi um quiosque dentro do estádio de Dorthmund para vender a cerveja deles”, cita Juca Kfouri. São patrocinadores fixos da Fifa, conforme divulgado pela própria, Adidas, Coca-Cola, Emirates, Hyundai, Sony e Visa. O Tempo.com Paixão pelo futebol não ofusca a preocupação social Agosto 2013 / Revista da CAASP // 33 Para o combativo profissional da imprensa esportiva, nome certo nas listas negras de Ricardo Teixeira, João Havelange e outros cartolas, o Brasil teria condições, caso quisesse, de realizar uma Copa do Mundo ao mesmo tempo aceitável pela Fifa e adequada à realidade nacional. “É claro que o Brasil pode sediar uma Copa. Se o fez em 1950, por que não poderia fazê-lo agora? O que o Brasil não deveria é tentar realizar a Copa da Alemanha no Brasil, a Copa da Ásia no Brasil. No Brasil, temos que fazer a Copa do Mundo do Brasil”, raciocina Kfouri. A tal Copa à brasileira, na opinião do jornalista, teria jogos no Morumbi, não aceitaria a derrubada por inteiro do Maracanã e do Mineirão, e incluiria a melhoria da rede hospitalar, das vias de acesso aos estádios, do transporte coletivo em geral e da rede de comunicação. “O que o Brasil não pode é construir um elefante branco em Cuiabá, outro em Brasília, outro em Manaus. A construção de estádios não é exigência da Fifa. A Fifa também não exige que os estádios sejam monumentos à beleza, e sim compatíveis com a magnitude do evento”, salienta Juca Kfouri. Sobre as razões que levam os governantes brasileiros a estabelecerem 12 cidades-sede e a construírem ou reformarem 12 estádios, ele ironiza: “Ora, vamos fazer obras! Vamos financiar quatro campanhas eleitorais!”


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