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Revista da CAASP - Edição 05

Airlines.net Junho 2013 / Revista da CAASP // 41 Ao se casar, e mesmo depois de ser pai de três filhos, Luiz manteve o consumo de álcool em nível abusivo. Inevitavelmente, o alcoolismo interferiu no relacionamento familiar. “Não cheguei a agredir minha esposa fisicamente, mas inúmeras vezes insultei-a. Em relação aos meus filhos houve um distanciamento, uma rejeição”, recorda, com lástima. A reversão do sofrimento começou quando sua mulher pediu-lhe que procurasse o AA. “Comecei a frequentar o AA para conservar meu casamento, mas, no íntimo, não via motivo para ir lá”, confessa. Apesar de ir às reuniões, não ficava até o fim – saía e ia até o bar mais próximo. “Minha esposa percebeu que, em vez de meu consumo de álcool diminuir, ele só aumentava. Um dia, ela me seguiu e descobriu a farsa.” Em 1996, separado da esposa, Luiz foi levado ao Hospital das Clinicas, em São Paulo, após mais uma bebedeira. Os médicos constataram uma disfunção hepática, devidamente controlada pela equipe médica mas que certamente evoluiria para cirrose hepática caso ele não abandonasse o álcool para sempre. A noção da gravidade do quadro levou-o novamente aos Alcoólicos Anônimos, desta vez para valer. “O AA foi minha salvação. Se eu não contasse com a solidariedade e o companheirismo que encontrei aqui, estaria morto”. Recentemente ele tentou se reconciliar com a esposa, mas não foi possível. Com os filhos, o diálogo existe, mas “não é nada que provoque inveja a ninguém”, resigna-se. Aos 63 anos, Luiz ajuda os Alcoólicos Anônimos a captarem novas pessoas que queiram vencer o vício. Enquanto aguarda sanção de sua aposentadoria, segue lutando para superar as sequelas que o álcool deixou em sua vida. Cristovão Bernardo Luiz bebeu durante 29 anos. Está sóbrio ha 17. “ Muitos jovens encontram liberdade na bebida”


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