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Revista da CAASP - Edição 05

SAÚDE \\ A empresa mais valiosa da América Latina vende bebidas alcoólicas. O consumo dessa substância aumenta continuamente ano a ano. Por que o alcoolismo não recebe o tratamento que merece das autoridades? Se nos basearmos nas peças publicitárias que invadem os lares, o consumo de bebidas alcoólicas é pré-requisito para o bom convívio social. Tomar cerveja é fator preponderante para conquistas amorosas. Para mais sofisticação, deve-se beber vinho ou uísque. Chega-se ao contrassenso de cooptar ídolos do esporte para fazerem propaganda de bebida alcoólica. O ser humano usa a sociabilidade para justificar o uso do álcool, droga pesada como tantas outras, que provoca danos terríveis à saúde e, ao contrário do que parece, corrói as relações sociais. Dados do 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) feito pelo Inpad (Instituto Nacional de Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas), órgão da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), divulgado no inicio de abril, mostram que 45% da população brasileira consumiam álcool em 2006. Em 2012, o percentual subiu para 59%. Além disso, pelo menos duas em cada 10 pessoas abusam da bebida . Destaca-se o aumento mais significativo entre as mulheres, de 36% em 2006 para 49% em 2012 (veja o gráfico). Para Ana Cecília Marques, pesquisadora do Inpad e do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), o crescimento do consumo etílico deve-se à falta de políticas públicas de prevenção e combate ao álcool. “Políticas para o álcool devem abranger conscientização, controle de oferta e garantia de tratamento. No Brasil, a conscientização e o controle da oferta são zero, e nossos tratamentos carecem de atualização”, explica a psiquiatra. 36 // Revista da CAASP / Junho 2013 Uma doença que merece mais atenção Reportagem de Karol Pinheiro


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