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Revista da CAASP - Edição 05

Junho 2013 / Revista da CAASP // 33 Exemplo de sanidade e perseverança A morte de Liana Fridenbach, de 16 anos, e seu namorado, Felipe Silva Caffé, de 19 anos, revoltou o Brasil em 2003. O casal acampava numa região florestal no município de Embu-Guaçu, na Grande São Paulo, quando foi atacado por cinco criminosos – quatro maiores de idade e um menor, Roberto Aparecido Alves Cardoso, que entraria no imaginário de horror do povo brasileiro com o apelido de Champinha. A crueldade dos bandidos já foi amplamente relatada, e não precisa ser rememorada. A postura do pai de Liana, o advogado Ari Friedenbach, esta merece ser ressaltada. “Eu me entrego à emoção até hoje, mas sem com isso me tornar uma pessoa violenta. Muito pelo contrário, eu ouso dizer que me tornei alguém muito melhor depois da tragédia da minha filha”, diz Ari, atualmente vereador em São Paulo. “Tenho certeza de que o meu empenho em tentar melhorar nossa sociedade, o mundo em que vivemos, tem um aspecto de laborterapia, que não deixa de ser um apoio para mim. Em vez de ficar chorando em casa tento fazer algum trabalho positivo”, descreve-se. Além do apoio dos amigos e da sociedade em geral, o fato de ter outro filho foi decisivo para que Ari não se entregasse ao desespero e à insanidade. “Eu sempre tive muita consciência e clareza de que meu filho precisava ter um pai minimamente lúcido, com condições de lhe dar amor, e não um pai assassino ou vingador”. A postura de Ari Friedenbach quanto à maioridade penal comprova sua racionalidade. “Eu sou radicalmente contrário à redução da maioridade penal. Primeiro, por se tratar de questão constitucional. Eu concordo com grande parte dos juristas que a maioridade penal é uma cláusula pétrea da Constituição, e portanto não pode ser mudada por emenda”, analisa. E expõe o modelo que enxerga como mais correto para o tema: “Defendo que os menores respondam criminalmente por roubo, estupro, latrocínio, homicídio e seqüestro. Entendo que nesses casos, e só nesses casos, eles sejam emancipados por um juiz apoiado psiquiatras e psicólogos”. Para Ari Friedenbach, a violência praticada por menores não é exclusividade das classes mais pobres. Ele cita como exemplo o ataque homofóbico ocorrido em 2012 na Avenida Paulista, quando jovens de classe média agrediram um homossexual quebrando-lhe uma lâmpada na cabeça. “Em Alphaville (bairro de classes alta e média alta em Barueri, na Grande São Paulo), os assaltos a residências são cometidos por jovens residentes lá mesmo, sempre para pagar seu consumo de drogas”, destaca. WEB Friedenbach: “ Sou radicalmente contra a redução da maioridade penal”


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