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Revista da CAASP - Edição 05

EENNTTRREEVVIISSTTAA 18 // Revista da CAASP / Junho 2013 \\ Apesar de tudo, o Ferreira Pinto entendia e entende de segurança pública, é do ramo. Como sempre, tenta-se colocar um papel celofane, dourar a pílula, fazer um manto cor de rosa e o que acontece? Assume o cargo um ex-procurador-geral de Justiça, que vai agradar aos promotores, que vai agradar à magistratura. Então, é claro que as políticas que vêm junto deixam a desejar. Partiu do secretário Grella Vieira a resolução impedindo os policiais de prestar primeiros-socorros a pessoas feridas em confronto? Essa resolução, anulada pelo Tribunal de Justiça, é dele. Eu sempre a considerei uma aberração. Como é possível que se baixe uma resolução com esse teor? O epílogo disso foi um episódio em que policiais encontraram uma pessoa baleada por bandidos num confronto, pegaram seus documentos e viram que se tratava de um policial militar aposentado, e então o socorreram. Aí, os preocupados com Direitos Humanos se insurgiram violentamente contra a Polícia Militar por ter descumprido a resolução que só permite socorro por ambulância ou pelo Samu. Como é possível isso? Não pode. Omissão de socorro é crime. Eu conheço a polícia não apenas de dentro de gabinetes, e digo que hoje há uma insatisfação muito grande, um desestímulo. Em 2014, ano de eleição, nós vamos ouvir propostas mirabolantes, oferecimento de soluções, tudo para conquistar o eleitor que está terrivelmente insatisfeito. Há conflitos antigos entre as Polícias Civil e Militar. Quais as raízes disso? A polícia, constitucionalmente, se divide em Polícia Judiciária, ou Polícia Civil, e Polícia Ostensiva, que é a Polícia Militar. Em tese, a Polícia Judiciária faz as apurações, as investigações, os inquéritos policiais desvendando os crimes. A Polícia Militar faz a prevenção ostensiva para exatamente tentar evitar que o crime aconteça e, quando acontecer, dar um pronto-atendimento. Na prática, isso nunca funcionou, e vou dar um exemplo concreto. Policiais militares adoram andar à paisana, tanto que há serviços reservados, P2, viaturas descaracterizadas etc. Paradoxalmente, policiais civis adoram andar uniformizados, de boné, colete, camisetas etc. Isso é curioso. Na verdade, esse atrito é consequência de uma constatação. A PM paulista tem um efetivo muito maior, mais de 100 mil homens e mulheres, é a maior tropa uniformizada da América Latina. Nenhum Fotos Ricardo Bastos “O secretário adjunto comandava esquema de propina”


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