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Revista da CAASP - Edição 05

ENTREVISTA \\ “O crime teria um impacto muito menor sem a corrupção policial” Percival de Souza é um ícone do jornalismo policial brasileiro. Uma das estrelas da redação do Jornal da Tarde dos anos 60 e 70, veículo que revolucionou a imprensa por sua ousadia gráfica e texto quase literário, publicou reportagens contundentes denunciando o Esquadrão da Morte chefiado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, que depois se tornaria o principal agente do terror de Estado contra os perseguidos políticos da ditadura. Sobre esse tenebroso personagem, Percival escreveu a definitiva biografia “Autópsia do Medo”. Outra figura misteriosa dos Anos de Chumbo foi retrata em profundidade - e pela primeira vez - por Percival: no livro “Eu, Cabo Anselmo”, o jornalista desvenda como uma personalidade foi destruída e substituída por outra, esta destinada a entregar ao regime seus antigos companheiros de luta armada. O “Sindicato do Crime”, sobre o PCC, e “Narcoditadura – O Caso Tim Lopes” são outros livros 16 // Revista da CAASP / Junho 2013 reveladores escritos por Percival. Hoje repórter e comentarista da TV Record, além de colaborador de diversas publicações, Percival de Souza permanece como um dos mais influentes jornalistas investigativos do Brasil. Nesta entrevista a Paulo Henrique Arantes, editor da Revista da CAASP, ele fala sobre o medo que toma conta dos cidadãos paulistanos e os problemas internos da Polícia paulista. Também critica a substituição de Antônio Ferreira Pinto por Fernando Grella Vieira na Secretaria de Segurança Pública do Estado, dá sua opinião sobre a maioridade penal, conta um pouco de suas experiências profissionais durante a ditadura, comenta seus livros e dispara frases como esta: “O Governo do Estado parece cruzar os braços contra o PCC”. Revista da CAASP - Será que um dia a segurança pública deixará de ser a primeira preocupação da população brasileira? Percival de Souza - No momento é muito difícil que isso aconteça, basicamente porque o Estado deixa muito a desejar nessa área. A segurança é um direito de todos e um dever do Estado, de acordo com a Constituição, artigo 144, mas não é isso que acontece. Diante de uma verdadeira avalanche de casos graves, homicídios, latrocínios, roubos, furtos, sequestros, tráfico de drogas e suas consequências, não há como imaginar-se blindado diante de uma situação concreta. As pessoas estão preocupadas com razão. Eu tenho certeza de que, conscientemente, ninguém, as autoridades inclusive, pode dizer “eu não tenho preocupação com segurança”.


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