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A administração Lula foi de muito boa qualidade, ajudada pelo que já vinha sendo construído, ajudada pelo vento externo favorável. Também acho que a Dilma (Dilma Rousseff, presidente da República) vai se sair muito bem. Ela é uma tecnocrata que leu os mesmos livros que a gente, trabalhadora, e está enfrentando problemas que ninguém ousava enfrentar. Basta ver seu primeiro movimento, que foi a mudança na Caderneta de Poupança, depois o ataque aos juros, o ataque ao custo da energia elétrica, o ataque à questão dos portos. Ela está tentando aumentar a competitividade. Estamos num processo de mudança da estrutura econômica do país. Mas o nível de investimento não sobe, o “espírito animal” do empresariado não desperta. Por quê? Eu acho que agora o governo entendeu. Os últimos discursos da Dilma revelam uma mudança radical, demonstram o entendimento claro de que é preciso ampliar o investimento público, de que o governo pode definir o que deseja em matéria de infraestrutura. “Eu quero uma estrada que seja uma Autoban alemã, que dure 25 anos e que atenda ao aumento da demanda” – aí, que se faça um leilão de boa qualidade, em que o governo fixa o que deseja e o mercado fixa a taxa de retorno. Qual era o equívoco? Era que o governo queria fixar a qualidade da obra e a taxa de retorno. Esses pontos estão ligados por uma curva – se você fixa um ponto, a curva lhe dá o outro. Se você fixar os dois, só por divina coincidência eles estarão em cima da mesma curva. Os investidores estrangeiros - não os da especulação, mas os da produção - estão abandonando o Brasil? Que nada. Estão aí, entrando à vontade, cobrindo déficits em contas correntes gigantescas. O que aconteceu no exterior é uma coisa muito simples. O Brasil era o queridinho quando a Bolsa brasileira dava 25% por ano. Agora quem são os queridinhos? México, Peru, Colômbia, pois a Bolsa deles está dando 20% por ano, e a brasileira menos 4%. O que houve foi que o setor industrial murchou. No ano passado, a agricultura também não foi muito bem. A demanda por bens industriais cresceu, mas a oferta não cresceu, basicamente porque se retiraram do setor industrial as condições isonômicas – taxa de juros razoável, tributação razoável e uma taxa de câmbio competitiva. Abril 2013 / Revista da CAASP // 27 O câmbio está num patamar correto? É muito difícil dizer. Melhorou muito. A taxa de câmbio talvez seja o problema mais vexatório para o economista - ninguém sabe exatamente qual é a taxa de câmbio de equilíbrio. O que se sabe é que Fotos Ricardo Bastos


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