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ENTREVISTA \\ O economista mais consultado do Brasil Todos querem ouvir o que Antonio Delfim Netto tem a dizer. Governo, oposição, políticos e economistas de matizes diversas não ousam desprezar o que ele escreve em suas colunas nos jornais “Folha de S. Paulo” e “Valor Econômico”, e na revista “Carta Capital”. O ex-ministro da Fazenda do governo do general Emílio Garrastazu Médici, época do “Milagre Econômico” e apogeu da ditadura militar, hoje apoia enfaticamente o governo Dilma Roussef. Da mesma forma, enalteceu a condução da economia durante os governos Lula – dizem até que a influenciou, o que ele nega. “Imagina se alguém precisa soprar alguma coisa para o Lula!”, exclama o senhor de 85 anos, professor emérito da Faculdade de Economia e Administração da USP. Além de ministro da Fazenda, Delfim Netto ocupou as pastas do Planejamento e da Agricultura. Foi embaixador do Brasil na França e deputado federal por cinco mandatos. Nesta entrevista a Paulo Henrique Arantes, editor da Revista da CAASP, fala da “esquizofrenia” em torno da inflação, das projeções para o PIB em 2013, da política de juros e da atuação do Banco Central sob o comando de Alexandre Tombini. “Ninguém manda no Tombini”, assegura o economista mais influente do Brasil nos últimos 40 anos. Revista da CAASP – Afinal, a economia brasileira vai bem ou vai mal? Antonio Delfim Netto - Na verdade, o Brasil vai muito bem. O Brasil mudou. Desde a Constituição de 1988 as instituições estão muito mais sólidas, o país vem desenvolvendo instituições adequadas a um crescimento razoável. O Brasil está mais justo. Em 2012, crescemos muito pouco, mas nos últimos 16-17 anos temos crescido em torno de 3% ou 4% ao ano, mas com uma mudança muito importante na distribuição da renda. A distribuição de renda tem melhorado, tem aumentado a igualdade de oportunidades de tal modo que se está criando um país mais decente. O PIB de 0,9% em 2012 de fato é decepcionante. Mas, diante de um cenário mundial em que a Europa está em recessão e os Estados Unidos crescem muito pouco, o desempenho do PIB brasileiro configura uma catástrofe? Para as nossas necessidades e possibilidades, seguramente é um crescimento baixo, mas que vai ser 24 // Revista da CAASP / Abril 2013


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